Amo-te / I Love You / Je t'aime / Ich Liebe Dich

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

É este um dos dias do ano que mais gosto, devido ao seu objectivo ser celebrar o amor! Muitos chamam-lhe Dia dos Namorados, outros chamam-lhe Dia de São Valentim e eu chamo-lhe Dia de Celebrar o Amor!
Passamos os dias todos do ano ocupados com os estudos, com o trabalho, com a casa, com a família, com os amigos... E às vezes esquecemo-nos de passar tempo com quem está ao nosso lado ou esquecemo-nos de procurar alguém para ficar ao nosso lado!
Este é o dia perfeito para cumprir isso! O dia perfeito para dizer à nossa alma gémea o quanto gostamos dela ou, para quem ainda não descobriu ninguém, o dia perfeito para a encontrar!
Ninguém sabe ao certo qual a história para o começo deste dia, mas de que interessa a origem? O que importa é aproveitarem o dia ao máximo! Este dia esgota tudo o que existe de melhor em nós: o amor, o carinho, a sensualidade, a dedicação.
É dia de pôr "mãos-à-obra" e de escolher um bom restaurante para jantar ou uma ementa especial para fazer em casa, sem esquecer de pôr amor e requinte no prato escolhido!
As prendas, na minha opinião, são apenas um extra! É dia de nos concentrarmos em nós, no nosso amor e não em bens materiais.
Para vos "adocicar" um bocadinho mais o apetite para este dia deixo-vos um poema de Florbela Espanca:


Fanatismo

Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

Tudo no mundo é frágil, tudo passa...
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, vivo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!..."

(Livro de Soror Saudade, 1923)

Florbela Espanca

INSPIRE-SE <3

Um poema de saudade

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Saudade... é o título deste poema que não poderia descrever melhor aquilo que me vai na alma, aquilo que passa, involuntariamente, na cabeça de quem é emigrante.


Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida.
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,
eu sinto saudades...

Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...

Sinto saudades da minha infância,
do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro,
do penúltimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser...

Sinto saudades do presente,
que não aproveitei de todo,
lembrando do passado
e apostando no futuro...

Sinto saudades do futuro,
que se idealizado,
provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...

Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei!
De quem disse que viria
e nem apareceu;
de quem apareceu correndo,
sem me conhecer direito,
de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.

Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito!

Daqueles que não tiveram
como me dizer adeus;
de gente que passou na calçada contrária da minha vida
e que só enxerguei de vislumbre!

Sinto saudades de coisas que tive
e de outras que não tive
mas quis muito ter!

Sinto saudades de coisas
que nem sei se existiram.

Sinto saudades de coisas sérias,
de coisas hilariantes,
de casos, de experiências...

Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia
e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer!

Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!

Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar,

Sinto saudades das coisas que vivi
e das que deixei passar,
sem curtir na totalidade.

Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que...
não sei onde...
para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi...

Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades
Em japonês, em russo,
em italiano, em inglês...
mas que minha saudade,
por eu ter nascido no Brasil,
só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota.

Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria,
espontaneamente quando
estamos desesperados...
para contar dinheiro... fazer amor...
declarar sentimentos fortes...
seja lá em que lugar do mundo estejamos.

Eu acredito que um simples
"I miss you"
ou seja lá
como possamos traduzir saudade em outra língua,
nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha.

Talvez não exprima corretamente
a imensa falta
que sentimos de coisas
ou pessoas queridas.

E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra
para usar todas as vezes
em que sinto este aperto no peito,
meio nostálgico, meio gostoso,
mas que funciona melhor
do que um sinal vital
quando se quer falar de vida
e de sentimentos.

Ela é a prova inequívoca
de que somos sensíveis!
De que amamos muito
o que tivemos
e lamentamos as coisas boas
que perdemos ao longo da nossa existência...

Clarice Lispector

INSPIRE-SE <3